Jesus Crucified

Jesus Crucified
Jesus Christ have mercy on us

Holy Tridentine Mass - Santa Missa Tridentina.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

MEMÓRIAS DA IRMÃ LÚCIA- QUARTA MEMÓRIA-Silêncio da Lúcia

MEMÓRIAS DA IRMÃ LÚCIA- QUARTA MEMÓRIA

2. Silêncio da Lúcia
Não sei porquê, as aparições de Nossa Senhora produziam
em nós efeitos bem diferentes. A mesma alegria íntima, a mesma
paz e felicidade, mas, em vez desse abatimento físico, uma certa
agilidade expansiva; em vez desse aniquilamento na Divina presença, um exultar de alegria; em vez dessa dificuldade no falar, um certo entusiasmo comunicativo. Mas apesar destes sentimentos,
sentia a inspiração para calar, sobretudo algumas coisas. Nos interrogatórios, sentia a inspiração íntima que me indicava as respostas que, sem faltar à verdade, não descobrissem o que devia,
por então, ocultar. Neste sentido, resta-me apenas uma dúvida: se
não deveria ter dito tudo no interrogatório canónico. Mas não sinto
escrúpulo de ter calado, porque, nessa altura, eu não tinha ainda
conhecimento da importância desse interrogatório. Tomei-o, pois,
como um de tantos a que estava habituada. Apenas estranhei a
ordem de jurar; mas, como era o confessor que mo mandava e
jurava a verdade, fi-lo sem dificuldade. Mal eu suspeitava, nesse
momento, o que o demónio daí ia tirar, para mais tarde me atormentar com um sem fim de escrúpulos. Mas, graças a Deus, já
tudo passou.
Há ainda outra razão que me confirma no pensamento de que fiz bem, calando. No decurso do interrogatório canónico, um
dos interrogantes, Senhor Dr. Marques dos Santos, achou que podia
alongar a lista das suas perguntas e começou por descer um pouco
mais fundo. Antes de responder, com um simples olhar, interroguei
o confessor. Sua Rev.cia tirou-me do embaraço, respondendo por
mim. Lembrou ao interlocutor que ultrapassava os direitos que lhe
eram dados.
Quase o mesmo me aconteceu no interrogatório do senhor
Dr. Fischer. Autorizado por V. Ex.cia Rev.ma e pela Rev.da Madre Provincial, parecia ter direito a perguntar-me tudo. Mas graças a Deus que veio acompanhado pelo confessor. A um dado momento, uma estudada pergunta sobre o segredo. Senti-me perplexa, sem saber que responder. Um olhar: o confessor tinha-me entendido e
respondia por mim. O interrogante entendeu também e limitou-se
a tapar-me a cara com umas revistas que tinha diante.
Assim Deus me ia mostrando que ainda não era chegado o
momento por Ele designado.
Passo, então, a escrever as aparições de Nossa Senhora. Não
me detenho a escrever as circunstâncias que as precederam, nem
as que se lhe seguiram, visto o Senhor Dr. Galamba ter feito o
favor de me dispensar disso.