Jesus Crucified

Jesus Crucified
Jesus Christ have mercy on us

Holy Tridentine Mass - Santa Missa Tridentina.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

MEMÓRIAS DA IRMÃ LÚCIA -PRIMEIRA MEMÓRIA-Graças alcançadas pela Jacinta

MEMÓRIAS DA IRMÃ LÚCIA -PRIMEIRA MEMÓRIA

Graças alcançadas pela Jacinta
Havia no nosso lugar uma mulher que nos insultava sempre
que nos encontrava. Encontrámo-la, um dia, quando saía duma
taberna, e a pobre, como não estava em si, não se contentou, dessa
vez, só com insultar-nos. Quando terminou o seu trabalho, a
Jacinta diz-me:
Temos que pedir a Nossa Senhora e oferecer-Lhe sacrifícios
pela conversão desta mulher. Diz tantos pecados que, se não se
confessa, vai para o inferno.

Passados alguns dias, corríamos em frente da porta da casa
desta mulher. De repente, a Jacinta pára no meio da sua carreira e
voltando-se para trás pergunta:
– Olha, é amanhã que vamos ver aquela Senhora?
– É sim.
– Então não brinquemos mais. Fazemos este sacrifício pela
conversão dos pecadores.

E sem pensar que alguém a podia ver, levanta as mãozinhas
e os olhos ao Céu e faz o oferecimento. A mulherzinha espreitava
por um postigo da casa e depois, dizia ela a minha mãe, que a
tinha impressionado tanto aquela acção da Jacinta, que não necessitava doutra prova para crer na realidade dos factos. E daí
para o futuro, não só nos não insultava, mas pedia-nos continuamente para pedirmos por ela a Nossa Senhora, que Ihe perdoasse os seus pecados.
Encontrou-nos um dia uma pobre mulher e, chorando, ajoelhou-se diante da Jacinta a pedir-lhe que Ihe obtivesse de Nossa Senhora a cura duma terrível doença. A Jacinta, ao ver de joelhos, diante de si, uma mulher, afligiu-se e pegou-lhe nas mãos trémulas para a levantar. Mas vendo que não era capaz, ajoelhou também e rezou com a mulher três Ave-Marias; depois, pediu-lhe que se levantasse, que Nossa Senhora havia de curá-la. E não deixoumais de rezar todos os dias por ela, até que, passado algum tempo, tornou a aparecer para agradecer a Nossa Senhora a sua cura.
Outra vez, era um soldado que chorava como uma criança.
Tinha recebido ordem de partir para a guerra e deixava a sua mulher em cama, doente, e três filhinhos. Ele pedia ou a cura da mulher ou a revogação da ordem. A Jacinta convidou-o a rezar com ela o Terço. Depois disse-lhe:
– Não chore. Nossa Senhora é tão boa! Com certeza faz-Ihe a
graça que Ihe pede.

E não esqueceu mais o seu soldado. No fim do Terço rezava
sempre uma Ave-Maria pelo soldado. Passados alguns meses,
apareceu com sua esposa e seus três filhinhos para agradecer a
Nossa Senhora as duas graças recebidas. Por causa duma febre
que Ihe tinha dado na véspera de partir, tinha sido livre do serviço
militar e sua esposa, dizia ele, tinha sido curada por milagre de
Nossa Senhora.

 Novos sacrifícios
Disseram um dia que vinha a interrogar-nos um Sacerdote que
era santo e que adivinhava o que se passava no íntimo de cada
um e que, por isso, ia a descobrir se sim ou não dizíamos a verdade.
A Jacinta dizia, então, cheia de alegria:
– Quando virá esse Senhor Padre que adivinha? Se adivinha,
há-de saber muito bem que falamos verdade.

Brincávamos, um dia, sobre o poço já mencionado. A mãe da
Jacinta tinha ali uma vinha pegada. Cortou alguns cachos e veio
trazer-no-los, para que os comêssemos. Mas a Jacinta não esquecia
nunca os seus pecadores.
– Não os comemos – dizia ela – e oferecemos este sacrifício
pelos pecadores.

Depois, correu a levar as uvas às outras crianças que brincavam
na rua. À volta, vinha radiante de alegria; tinha encontrado
os nossos antigos pobrezinhos e tinha-lhas dado a eles.

Outra vez, minha tia foi chamar-nos para comermos uns figos
que tinha trazido para casa e que na realidade abriam o apetite a
qualquer. A Jacinta sentou-se connosco, satisfeita, ao lado da cesta
e pega no primeiro para começar a comer; mas, de repente,
lembra-se e diz:
– É verdade! Ainda hoje não fizemos nenhum sacrifício pelos
pecadores! Temos que fazer este.

Põe o figo na cesta, faz o oferecimento e lá deixámos os figos,
para converter os pecadores. A Jacinta repetia com frequência
estes sacrifícios, mas não me detenho a contar mais; se não, nunca
acabo.