Jesus Crucified

Jesus Crucified
Jesus Christ have mercy on us

Holy Tridentine Mass - Santa Missa Tridentina.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

MEMÓRIAS DA IRMÃ LÚCIA -QUARTA MEMÓRIA-Participação nas Aparições do Anjo

MEMÓRIAS DA IRMÃ LÚCIA - QUARTA MEMÓRIA

3. Participação nas Aparições do Anjo
Na aparição do Anjo, prostrou-se como sua irmã e eu, levado
por uma força sobrenatural que a isso nos movia; mas a oração
aprendeu-a ouvindo-nos repeti-la, pois, ao Anjo, dizia não ter ouvido nada.
Quando, depois, nos prostrávamos para rezar essa oração,
ele era o primeiro que se cansava da posição, mas permanecia de
joelhos ou sentado, rezando também, até que nós acabássemos.
Depois, dizia:
– Eu não sou capaz de estar assim tanto tempo como vocês.
Doem-me as costas tanto que não posso.

Na segunda aparição do Anjo, no poço, perguntou, passados
os primeiros momentos que se Ihe seguiram:
– Tu falaste com o Anjo; que é que Ele te disse?
– Não ouviste?
– Não. Vi que falava contigo, ouvi o que tu Ihe disseste, mas o
que Ele te disse não sei.

Como a atmosfera do sobrenatural em que Ele nos deixava
ainda não tinha de todo passado, disse-lhe que mo perguntasse
no dia seguinte, ou à Jacinta.
– Jacinta, conta-me tu o que disse o Anjo.
– Digo-to amanhã. Hoje não posso falar.

No dia seguinte, logo que chegou junto de mim, perguntou-me:
– Dormiste esta noite? Eu pensei sempre no Anjo e no que
seria que Ele disse.

Contei-lhe, então, tudo o que o Anjo tinha dito na primeira e
segunda aparição. Mas ele parecia não ter recebido a compreensão
do que as palavras significavam e perguntava:
– Quem é o Altíssimo? Que quer dizer: os Corações de Jesus
e Maria estão atentos à voz das vossas súplicas?
Etc.
E, obtida a resposta, ficava-se pensando, para logo interromper
com outra pergunta. Mas o meu espírito ainda não estava de todo
livre e disse-lhe que esperasse para o dia seguinte, que naquele
ainda não podia falar.
Esperou, contente, mas não deixou perder as primeiras ocasiões, para logo fazer novas perguntas, o que levou a Jacinta a
dizer-lhe:
– Olha: nessas coisas fala pouco.

Quando falávamos no Anjo, não sei o que sentíamos. A Jacinta
dizia:
– Não sei o que sinto; já não posso falar, nem cantar, nem
brincar e não tenho força para nada.

– Eu também não – respondeu o Francisco. – Mas que importa?
O Anjo é mais bonito que tudo isso. Pensemos n’Ele.

Na terceira aparição, a presença do sobrenatural foi ainda
muitíssimo mais intensa. Por vários dias, nem mesmo o Francisco
se atrevia a falar. Dizia depois:
– Gosto muito de ver o Anjo; mas o pior é que, depois, não
somos capazes de nada. Eu nem andar podia, não sei o que tinha!

 
Apesar de tudo, foi ele quem se deu conta, depois da terceira
aparição do Anjo, das proximidades da noite. Foi quem disso nos
advertiu e quem pensou em conduzir o rebanho para casa.
Passados os primeiros dias e recuperado o estado normal,
perguntou o Francisco:
– O Anjo, a ti, deu-te a Sagrada Comunhão; mas a mim e à
Jacinta, que foi o que Ele nos deu?

– Foi também a Sagrada Comunhão – respondeu a Jacinta,
numa felicidade indizível. – Não vês que era o Sangue que caía da
Hóstia?

– Eu sentia que Deus estava em mim, mas não sabia como
era!

E prostrando-se por terra, permaneceu por largo tempo, com a
sua Irmã, repetindo a oração do Anjo: Santíssima Trindade..., etc.
Pouco a pouco, foi passando aquela atmosfera e, no dia 13 de
Maio, brincávamos já quase com o mesmo gosto e com a mesma
liberdade de espírito.