Jesus Crucified

Jesus Crucified
Jesus Christ have mercy on us

Holy Tridentine Mass - Santa Missa Tridentina.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

MEMÓRIAS DA IRMÃ LÚCIA- QUARTA MEMÓRIA-SOBRE A JACINTA

MEMÓRIAS DA IRMÃ LÚCIA- QUARTA MEMÓRIA

III. MAIS APONTAMENTOS SOBRE A JACINTA
1. Uma cura milagrosa

Pede-me ainda, o Senhor Dr. Galamba, para escrever alguma
graça mais que tenha sido alcançada por meio da Jacinta. Pensei
um pouco e lembro-me de duas apenas.
A primeira vez que a boa Senhora Emília, de quem falo no
segundo escrito sobre a Jacinta, me foi buscar, para me levar ao
Olival, a casa do Senhor Vigário, a Jacinta foi comigo. Quando
chegámos à aldeia onde vivia essa boa viúva, era noite. Apesar
disso, a notícia da nossa chegada não tardou a divulgar-se e a
casa da Senhora Emília achou-se logo cercada de inúmeras pessoas.
Queriam ver-nos, interrogar-nos, pedir graças, etc.
Havia aí uma piedosa mulher que costumava rezar em sua casa o terço, com as pessoas da pequena aldeia que se queriam juntar a ela. Veio, pois, pedir para lá irmos a sua casa rezar o terço.
Quisemos escusar-nos, dizendo que o rezávamos com a Senhora
Emília, mas as instâncias foram tantas que não houve outro remédio senão ceder. À notícia de que íamos, o povo correu em massa para a casa da boa mulher, com o fim de apanhar lugar; e ainda bem que assim nos deixaram o caminho mais livre. Quando íamos a caminho, saiu-nos ao encontro uma rapariga, talvez dos seus vinte anos, a chorar. Prostra-se de joelhos e pede para entrarmos em sua casa a rezar sequer uma Ave-Maria pelas melhoras de seu pai, que havia mais de três anos não podia descansar, com um contínuo soluço.
Impossível resistir a umas cenas destas. Ajudei a pobre rapariga a levantar-se; e, como a noite era já bastante adiantada
(caminhávamos à luz dumas lanternas), disse à Jacinta que ficasse
ela ali, enquanto eu ia rezar o terço com o povo, que na volta a
chamava. Ela aceitou. Quando voltei, entrei também nessa casa.
Encontrei a Jacinta sentada numa cadeira, em frente dum homem
também sentado, de aspecto não muito velho, mas mirrado, e a
chorar de comoção. Rodeavam-no algumas pessoas mais, que julgo
serem da família. Ao ver-me, levantou-se, despediu-se prometendo
não o esquecer nas suas orações, e lá viemos para a casa da
Senhora Emília.
No dia seguinte, saímos de manhãzinha cedo para o Olival, e
voltámos só passados uns três dias. Ao chegar a casa da Senhora
Emília, lá nos apareceu a ditosa rapariga, acompanhada já de seu
pai, de aspecto bastante melhor, sem aquela aparência de tanto
nervosismo e de tão extremada fraqueza. Vinham agradecer a graça
recebida, porque, diziam, não tinha tornado mais a sentir o importuno soluço. Todas as vezes que ainda por aí passei, sempre essa boa família me vinha mostrar o seu agradecimento, dizendo que estava completamente curado, que não tinha sentido mais o menor assomo de soluços.

2. Regresso dum filho pródigo
A outra era uma tia minha, casada na Fátima, de nome Vitória,
que tinha um filho que era um verdadeiro pródigo. Não sei
porquê, havia tempo que tinha abandonado a casa paterna, sem
se saber que feito era dele. Aflita, minha tia veio um dia a Aljustrel,
para me pedir que pedisse a Nossa Senhora por aquele seu filho.
Não me encontrando, fez o pedido à Jacinta. Esta prometeu pedir por ele. Passados alguns dias, apareceu em casa a pedir perdão
aos pais e depois foi a Aljustrel a contar a sua desventurada sorte.
Depois (contava ele) de haver gastado tudo que tinha roubado
aos pais, andou vário tempo por lá, feito vadio, até que, não
recordo o motivo, foi metido na cadeia de Torres Novas. Algum
tempo depois de estar aí, conseguiu, uma noite, escapar-se; e,
fugitivo, de noite, meteu-se por entre montes e pinhais desconhecidos.
Julgando-se completamente perdido, entre o susto de ser apanhado
e a escuridão da noite cerrada e tempestuosa, encontrou-se
com o único recurso da oração. Caiu de joelhos e começou a rezar.
Passados alguns minutos, afirmava ele, aparece-lhe a Jacinta,
pega-lhe por a mão e condu-lo à estrada (de) macadame que
vem do Alqueidão ao Reguengo, fazendo-lhe sinal que continuasse
por ali. Quando amanheceu, achou-se a caminho de Boleiros,
reconheceu o ponto onde estava e, comovido, dirigiu-se a casa
dos pais.
Ora bem, ele afirmava que a Jacinta lhe tinha aparecido, que
a tinha reconhecido perfeitamente. Eu perguntei à Jacinta se era
verdade ela lá ter ido ter com ele. Respondeu-me que não, que
nem sabia onde eram esses pinhais e montes onde ele se perdeu.
– Eu só rezei e pedi muito a Nossa Senhora por ele, com pena
da tia Vitória
– foi o que me respondeu.
– Como foi então isto?
– Não sei; sabe-o Deus.