UM EXORCISTA DIALÓGA COM
OS PSIQUIATRAS
- Como distinguir entre os malefícios e os
males psíquicos?
- Como compreender se um paciente precisa das orações de um
exorcista ou da cura de um psiquiatra?
São
temas fundamentais que geram incertezas e incredulidade.
Nos
últimos tempos, não há dúvida de que as ciências psi
(psiquiatra, psicologia, psicanálise) conheceram um grande
desenvolvimento. Muito mais que grande parte do clero,
ao deixar de acreditar na atividade extraordinária do
demônio e na eficácia dos exorcismos, passou a
considerar que todos os problemas deste tipo devem ser
curados pelas ciências psi.
Por
outro lado, os próprios psiquiatras, muitas vezes,
encontraram-se perante casos que não são explicáveis pelos
critérios dos seus conhecimentos, ou que parecem insolúveis
e que, se alguém já percebeu isso, foram resolvidos pelos
exorcistas.
A dificuldade é real. Porventura para o exorcista é
o caso extremo, como a dificuldade de diagnóstico. De boa
vontade aceitei a proposta de participar de uma conferência
com debate, na manhã de 16 de abril de 1993, a convite do
psiquiatra Alessandro a importância que representou para mim
o fato de me encontrar diante de um auditório
qualificadíssimo, de nível universitário: interessa-me
observar o efeito que a minha intervenção provocaria, mas
sobretudo estava interessado nas perguntas e objeções que
iriam ser dirigidas a mim.
A iniciativa realizou-se na clínica de psiquiatria
da Universidade de Roma, na sede de Tor Vergata, no âmbito
da atividade da Sociedade Italiana de Psiquiatria
Transcultural. O tema gerou evidente interesse, tanto que
atraiu mais de quarenta participantes, entre os quais o
professor Antonino Iaría, diretor do hospital psiquiátrico
de Roma, Santa Maria della Pietà; o professor Sergio Mellina,
diretor do departamento de psiquiatria do Centro de Higiene
Mental da USL de Roma 5; a doutora Maria Ilena Marozza, o
doutor Alfonso Troisi e o doutor Ilarco Zanasi; o
investigador da cátedra de psiquiatria da Universidade de
Roma Tor Vergata; o professor Luigi Aversa, psiquiatra e
presidente do Centro Italiano de Psicologia Analítica
(C.I.P.A.).
Não se
esconde que senti certo temor a respeito de minha capacidade
para compreender as perguntas deles (imagine, então, ter que
responder!), se me tivessem sido formuladas numa linguagem
médica; motivo pelo qual pedi a assistência do doutor
Stefano Ferracuti, assistente no departamento de ciências
psiquiátricas e medicina e psicológica da Universidade La
Sapienza, que assistiu aos meus exorcismos por várias vezes.
Acrescento ainda que no dia 12 de abril de 1995 fui
convidado para apresentar uma conferência sobre o mesmo
tema, seguida de debate, no âmbito da USL ROMA E, em
colaboração com o Curso de Prevenção primária nos
Departamentos de Saúde Mental. Também neste caso a
participação foi ótima. Neste capítulo apresento uma
elaboração destas suas experiências.
Decido escrevê-la porque ilustra a seriedade com
que foi tratado o problema e o método que utilizei, e que
utilizarei em seguida, ou seja, a forma discursiva da minha
conferência e o debate que se seguiu.
Fonte: Extraído do Livro
"Exorcistas e Psiquiatras" - Pe. Gabriele Amorth - Ed.
Palavra & Prece.