Será
porque não acreditamos que o demônio realmente existe? Que
ele tem poder de perverter a humanidade? Será porque não
rezamos o suficiente pelos nossos Sacerdotes, Bispos, pelas
nossas Paróquias, Dioceses em fim por todo o Clero da Igreja
de Deus? Não colocamos em prática o
Evangelho revelado pelo próprio Deus?
Vejamos o que escreve o Padre Gabriele Amorth.
Quando
o Cardeal Ugo Poletti, vigário do Papa da diocese de Roma, sem
eu esperar, me conferiu a faculdade de exorcista, eu não
imaginava o mundo imenso que se abria à minha frente, nem a
multidão de pessoas que recorreria ao meu ministério.
Fiz
ainda outra descoberta. Os exorcistas em Itália são
pouquíssimos, e os que estão preparados ainda são menos. A
situação noutros países ainda é pior, por isso têm-me
procurado para a bênção pessoas vindas de França, da
Áustria, da Alemanha, da Suíça, de Espanha, de Inglaterra,
onde – a acreditar no que dizem – não conseguiram encontrar
um exorcista. Incúria dos bispos e dos sacerdotes?
Verdadeira incredulidade quando à necessidade
e à eficácia deste ministério? Em todos os casos
sentia-me impelido a realizar o meu apostolado junto de
pessoas que sofrem horrivelmente e a quem ninguém
compreende: nem os familiares, nem os médicos, nem os
sacerdotes.
Hoje em dia a Pastoral, neste setor, e no mundo
católico, está completamente descurada. Não era assim no
passado e, devo reconhecer, que não é assim em certas
confissões da reforma protestante, em que os exorcistas se
fazem com freqüência e com bons resultados. Cada
catedral devia ter um exorcista, do mesmo modo que tem um
confessor, e deviam ser tanto mais numerosos os exorcistas,
quanto maiores fossem as necessidades: nas paróquias mais
importantes, nos santuários.
No entanto, além de serem poucos, os exorcistas são
mal vistos, combatidos, e têm dificuldade em encontrar
hospitalidade para exercer o seu ministério. Sabe-se que os
endemoninhados por vezes se enfurecem. Isto é o suficiente
para que um superior religioso ou um pároco não queira
exorcistas nos seus domínios: “o viver calmo, o evitar
perturbações vale mais do que a caridade para curar os
possessos”.
Também
eu tive de percorrer o meu calvário, embora muito menos
penoso do que o de outros exorcistas que têm mais mérito e
são mais procurados. É uma reflexão a que convido sobre tudo
os bispos, que no nosso tempo têm algumas vezes pouca
sensibilidade para com este problema, tendo
praticamente deixado de exercer este ministério.
Trata-se contudo de um ministério que lhes foi
exclusivamente confiado: somente eles o podem exercer ou
nomear exorcistas.
Devo dizer que não me detenho a demonstrar certas
verdades que creio já adquiridas e que noutros escritos já
foram suficientemente abordadas como: a existência de
demônios, a possibilidade de possessão diabólica, o poder
que Cristo deu de expulsar os demônios aqueles que acreditam
na mensagem evangélica. São verdades reveladas, claramente
contidas na Bíblia, aprofundadas pela Teologia,
constantemente ensinadas pelo magistério da Igreja.
Que a Virgem Imaculada, inimiga de Satanás desde o
primeiro anuncio da Salvação (Gênesis 3,15) até ao seu
cumprimento (Apocalipse 12), e que está unida ao Seu Filho
na luta para o combater, e lhe esmagar a cabeça, abençoe
este trabalho, fruto de uma atividade extenuante, que
confiante coloco sob a proteção do seu manto materno.
Fonte: Extraído do Livro "Um
Exorcista Conta-nos" - Pe. Gabriele Amorth - Ed. Paulinas.