Recorrer ao exorcista ou ao
psiquiatra?
A
pergunta é feita num tom algo provocador que coloca no mesmo
plano exorcistas e psiquiatras; figuras que,
pelo contrário, devem ser vistas em planos e com métodos
totalmente diferentes. Acrescento que, no caso de doenças e
em particulares de males psíquicos, o recurso
dos médicos representa a generalidade, a primeira coisa a
fazer; o recurso ao exorcista é a exceção e só quando
estiver na presença de sintomas muitos específicos.
Só
lamento o insignificante recurso dos psiquiatras, ou o
recurso infundado por parte dos pacientes “Mas, então, quer
dizer que estou louco?” em parte, por causa de uma
ignorância culpável por parte dos médicos de clínica geral,
que não percebem quando é necessário reenviar para a
psiquiatria.
Como os exorcistas e os psiquiatras trabalham
em planos diferentes e com métodos diferentes,
comecei por recordar três premissas indispensáveis em que se
baseia o exorcista: o demônio existe, o mesmo quando
se apresentam com sintomatologia idêntica às doenças
naturais, não podem ser curados por via médica, e quem
acredita em Cristo tem força para expulsar o demônio em seu
Nome. Não me detive em demonstrar estas três
afirmações, claramente presentes na Bíblia e confirmadas na
prática.
Quanto aos métodos de cura, o psiquiatra utiliza
aqueles que a sua ciência sugere; o exorcista cura com a
oração, aliás, com a ordem que impõe ao demônio para que
abandone o possesso.
Perante princípios e métodos tão diferentes, é
válido perguntarmos: será possível uma efetiva cooperação
entre exorcistas e psiquiatras? O fato de nos encontrarmos
para dialogar sobre o tema significa que existe, pelo menos,
a possibilidade de colaborar.
Mas
acrescentei que neste campo não éramos por nada pioneiros:
desde sempre, a Igreja alertou aos exorcistas para que
não confundissem os malefícios com os males psíquicos
e, na seqüência do progresso científico neste campo, sempre
recomendou aos exorcistas que recorressem à ajuda dos
médicos. Por isso, de fato, esta colaboração entre
exorcistas e psiquiatras já se realiza há algum tempo.
Acrescento que não faltam psiquiatras que enviam
seus casos para os exorcistas (eu próprio fui destinatário
de alguns pacientes). Para mim, uma das mais belas
experiências televisivas de que me lembro foi a participação
no programa Mixer, no dia 2 de março de 1993. Falo dela de
bom grado, embora já tenha contado.
O
apresentador do programa, Minoli, perguntou-me a certa
altura se os exorcistas e os psiquiatras trabalham em campos
paralelos que nunca se encontram. Respondi que não;
ambos trabalham em função do benefício do homem e,
freqüentemente, a intervenção de cada qual deve ser
integrada. Logo em seguida, interveio o já falecido
professor Emílio Servadio, psicólogo e parapsicólogo de
renome internacional. Não só me deu razão como também
afirmou que “perante certos casos, eu próprio envio pessoas
ao exorcista”. É uma afirmação muito interessante, se
entendermos que é feita por um descrente, sobretudo em
um tempo em que muitos homens da Igreja enviam sempre e
unicamente para os psiquiatras.
É igualmente interessante que, pela primeira vez,
no DSM-IV (Manual de diagnóstico e estatística das
perturbações mentais, cuja quarta edição se publicou em 1994)
se fale de possessão atribuída à influência de um espírito.
Que um livro de nosologia (ramos da medicina que estuda e
classifica as doenças) psiquiátrica de indiscutível
autoridade a nível mundial contenha semelhante afirmação é
uma novidade significativa, impensável há alguns anos.
Naturalmente que no programa televisivo apenas me
contive aos casos, porventura mais difíceis, em que subsiste
a dúvida se a pessoa foi atingida por um malefício ou sofre
de um mal psicológico. Existem muitos outros casos, de que
não falei, em que esta dúvida não existe.
Quero destacar que, para que haja colaboração entre
psiquiatras e exorcistas, não é necessário que o
psiquiatra tenha fé; não é sequer necessário que acredite na
existência do demônio e de seus poderes. É
suficiente que saiba reconhecer os limites da sua ciência,
como o professor Sarvadio, que não pretendia conhecer tudo,
saber tudo, resolver tudo. Já tive vários exemplos de
psiquiatras que, mesmo perante casos totalmente atípicos,
preferiram conter-se a rotulá-los, iludindo-se, deste modo,
de terem resolvido a questão. Quando, pelo contrário, não
resolveram mesmo nada.
Outra observação. Para que uma determinada situação
seja reconhecida como um mal de natureza maléfica não basta
à dificuldade ou a impossibilidade de formular um
diagnóstico seguro, é necessário, pelo contrário,
verificar a existência de sintomas especificamente
maléficos.
Acrescento também que existe a possibilidade de os dois
tipos de mal se sobreporem, sendo estes os casos mais
difíceis; ou seja, males psíquicos sobrepostos aos
malefícios, por isso é necessária a intervenção, quer do
psiquiatra quer do exorcista.
Quando uma pessoa se apresenta ao exorcista, em
geral, a primeira coisa pedida é o parecer dos
médicos. Na maior parte das vezes, as pessoas que
vão consultar o exorcista já percorrem os consultórios dos
médicos; não obtendo resultados, muitas delas buscam os
magos, os curandeiros e outros. O exorcista é o último
a quem recorre.
Mas o
exorcista só avança se existirem sintomas suficientes que
façam suspeitar de algo, ou seja, os sintomas que exporei e
sobre os quais se poderá discutir. Se o exorcista
considera que tem motivos suficientes, pode avançar com um
breve exorcismo, que antes de mais nada tem a
finalidade de diagnóstico: porque só mediante o
exorcismo se pode ter a certeza de que nos encontramos, ou
não, perante um malefício.
Em
geral, cada uma das perturbações, embora pareçam
inexplicáveis, na realidade, podem ter uma explicação
natural. Precisamente por motivos de diagnóstico é que
costumo ser bastante amplo na administração do exorcismo, e
nunca me arrependi: fico satisfeito com suficientes motivos
de suspeita. Na maioria dos casos, bastou-me um único
exorcismo para concluir que tratava de um malefício.
Também para os exorcistas, a prática é muito
importante. Quem tem mais experiência consegue reconhecer
mais facilmente quais são os sintomas significativos e quais
não o são, considerando também que o demônio existe,
mas faz tudo para não ser descoberto.
É um
pouco como os médicos que, para utilizar a linguagem comum,
adquirem com o tempo uma espécie de olho clínico. Sobretudo
os psiquiatras, que muitas vezes percebem de imediato do que
se trata; embora depois verifiquem o diagnóstico inicial com
os devidos acertos.
No que
diz respeito aos exorcistas, dado que trabalham no
âmbito da oração e da graça, acrescente a existência
de dons especiais chamados carismas. De minha parte, tive a
grande graça de poder me formar, durante seis anos, na
escola de um exorcista muito competente, o padre Cândido
Amantini, que exercia o seu ministério em Roma, na
Escala Santa.
Fiquei
sempre espantado com a rapidez com que diagnosticava os
casos que lhe eram apresentados; chegavam mesmo a ser entre
sessenta a oitenta, numa só manhã. Mais me espantava quando,
observando uma fotografia, dizia com segurança “Não tem
nada”, ou então, “Está doente, precisa de ser tratado”. De
qualquer modo, não é necessário ter dons extraordinários
para poder desempenhar o serviço de exorcista.
Por fim, antes de falar dos sintomas, gostaria de
fazer referência a um personagem, muito significativo para
mim, porque me sinto espiritualmente ligado a ele e
esforço-me por continuar a sua obra: o carmelita espanhol
Francisco Palau. Refiro-me a tudo aquilo já disse com
detalhes.
Há cerca de trezentos anos, todas as dioceses católicas eram
repletas de exorcistas.
Depois, houve uma relação à loucura da “caça as
bruxas”; houve a influência do racionalismo,
do iluminismo, do materialismo ateu; os
exorcistas desapareceram quase por completo.
O padre Francisco Palau, beatificado pelo Papa João
Paulo II no dia 24 de abril de 1988, notou esta
carência e tentou encontrar soluções. Numa casa que
recebeu por caridade, acolhia os loucos. Exorcizava a todos,
sem distinção, embora na realidade tivesse adquirido uma
intuição especial para compreender a natureza do mal;
os endemoninhados ficavam curados e retomavam a vida normal;
os loucos continuavam loucos, e eram curados por via médica.
Certamente que é um caso sem qualquer explicação
científica; quem cura os malefícios é Jesus que atende
às orações; não é a capacidade humana. É
típico o caso de Santa Catarina de Siena. Quando os
exorcistas não conseguiam curar um endemoninhado,
mandavam-no ter com a santa; ela rezava e o demônio fugia.
Essa premissa, embora longa, é útil para os psiquiatras. E,
nos dias de hoje, revela-se útil também para muitos
eclesiásticos.
Finalmente, apresento, em resumo os principais
sintomas de suspeita em que me baseio para avançar com os
exorcismos. Aqui, repito, apenas considero aqueles casos em
que surgem dúvidas se se trata de um mal psíquico ou de um
malefício. Não considero os casos que o demônio pode causar
a possessão diabólica (que é a forma mais grave, embora seja
possível uma vasta gama de níveis de intensidade) e pode
causar malefícios, por vezes mais difíceis de identificar e
de curar.
Sintomas suspeitos
1- Antes de mais nada,
exijo um parecer médico e leio atentamente os relatórios
clínicos. É possível que existam motivos de incerteza no
diagnóstico: “Suspeita-se de uma forma de...”, “O paciente
apresenta fenômenos atípicos”.
É
preciso ter atenção porque a pessoa interessada ou os
familiares muito facilmente afirmam que os médicos não
perceberem e não sabem fazer um diagnóstico. Não podemos nos
esquecer que também os psiquiatras seguem escolas diferentes
e podem se expressar de maneira diversificada.
Por
vezes, para perceber se realmente vários diagnósticos
genéricos, muitos freqüentes, como esgotamento
nervoso, estado depressivo, podem, por vezes, esconder a
incompreensão de um verdadeiro mal que aflige o paciente.
Observo também qual o efeito dos medicamentos que a
pessoa está tomando: quando são totalmente ineficazes
ou, até, quando surtem o efeito contrário; por exemplo,
quando um calmante excita ainda mais a pessoa. Mas
também este resultado pode depender de causas naturais, por
isso, isolado não significa nada, se não está relacionado
com determinadas modalidades específicas.
Lembro-me do caso de um jovem a quem foi prescrita cura do
sono numa clínica, durante oito dias: pois bem, nunca
conseguiu dormir, nem de dia nem de noite, apesar do
crescente número de medicamentos que lhe eram administrados.
Ou estava deitado na cama de olhos esbugalhados ou
caminhava abobalhado pelos corredores. Assim que
saiu da clínica, foi suficiente uma bênção do seu pároco
para que conseguisse dormir.
2- O sintoma mais significativo é a aversão
ao sagrado, que pode se manifestar progressivamente
em tantas formas diferentes e em relação às quais é preciso
prestar atenção para não cair nas ilusões. Exponho esta
aversão ao sagrado seguindo uma ordem de gravidade; não é
uma ordem progressiva que se siga nas manifestações, que por
vezes aparecem de rompante nas formas mais graves.
3- Repugnância para com a oração das pessoas
que sempre rezavam. É possível que no início se
trate, quando se reza, de bocejos irrefreáveis e ataques
de sono. Outras vezes, assim que se começa a rezar, a
pessoa com este tipo de perturbações emite arrotos ou
tosse continuamente ou, ainda, vomita. Pode se distrair
com todo o tipo de coisas para não conseguir seguir com um
mínimo de atenção as orações ou as celebrações.
Ou, até, não consegue rezar porque a boca fica travada: não
consegue pronunciar sequer a primeira palavra de uma oração,
como por exemplo um Ave; e a boca e os dentes fecham-se como
se estivessem paralisados se a pessoa se aproxima para
receber a Eucaristia.
Pode
chegar ao ponto de não conseguir estar ou mesmo entrar na
igreja. Pense na dificuldade que tudo isto provoca em todas
as pessoas, mas em particular em quem vive num ambiente
religioso, como, por exemplo, uma religiosa.
4- Sensibilidade à água-benta, quer
quando é ingerida (a pessoa cospe-a de imediato) quer quando
é misturada na comida. Sensibilidade e repugnância a
tudo o que está abençoado: alimentos, roupa, objetos
sagrados (imagens, terços do Rosário, relíquias...).
Naturalmente que a água, os alimentos, a roupa são dados à
pessoa sem que esta saiba que estão abençoados. À
incapacidade de entrar na igreja, ou
independentemente dela, podem se somar reações fortes
em lugares específicos: em santuários
marianos, em contato com o famoso calor de São Vicino a
Sasina (Forli), no santuário-gruta de São Michele. A pessoa
pode ser atingida por paralisias ou mal-estar até o desmaio.
5- Reações violentas, que tornam a
pessoa furiosa e agressiva, embora a sua índole seja de
outra natureza, podendo, por isso, blasfemar, partir
objetos, atirar-se contra quem está em sua presença. E tudo
isto, pro exemplo, acontece apenas quando alguém reza a
seu lado, por vezes só mentalmente. Também é freqüente,
nestes casos, que a pessoa, uma vez acalmada, não se lembre
de mais nada a respeito do seu comportamento.
6- O sintoma culminante: as reações furiosas
da pessoa, ao rezar por ela ou ao ser abençoada:
freqüentemente rola pelo chão, blasfema, torna-se violenta
contra os presentes, pode mudar de voz e dizer coisas
impensáveis nessa pessoa.
O
monsenhor Andréa Gemma, bispo de Isernia-Venafro, na sua
carta pastoral de 29 de junho de 1992, em que instituía
grupos de oração de libertação do demônio, sempre orientados
por um sacerdote, escreve: “Só depois de se fazer
abundante utilização destes meios se pode recorrer ao
exorcismo enquanto tal”. Em muitos casos as
reações às repetidas orações de libertação são os sintomas
decisivos para ver se são necessários exorcismos; em
geral, se não se dão reações a estas orações, se darão
tampouco reações aos exorcismos.
7- Pergunto se existem perturbações estranhas
na pessoa: se ouve vozes e se as ouve apenas ela; se
tem a impressão de ser observada fixamente, mesmo quando
está sozinha no quarto; se sente-se tocada, se vê pessoas
que não estão presentes, se tem momentos de paralisia em
qualquer parte do corpo... Aqui certamente os médicos teriam
muito a dizer a respeito das sugestões e dos desdobramentos
da personalidade; mas também se devem valorizar as
modalidades de ocorrência dos fatos.
Exorcizei uma pessoa que, quando ia para a cama, parecia que
as suas pernas como se eletrizavam: movimentos muito fortes
que faziam agitar a sua cama grande e duravam muitas horas,
praticamente durante a noite toda. Os médicos não
encontravam nada e os medicamentos receitados não surtiam
efeito algum.
O
marido, seguindo os conselhos de um exorcista, começou a
fazer cruzes com água-benta nas pernas da mulher, quando os
fenômenos começavam. De imediato os movimentos se acalmavam
e depois cessavam; passado algum tempo cessaram por
completo.
Tive
outro caso, desta vez um homem, com as pernas paralisadas
(note-se que, durante os exorcismos, as movimentava com um
louco). Se a mulher cutucava suas pernas com um prego ou com
um alfinete, não sentia nada; se mergulhava um dedo de
água-benta e lhe tocava as pernas, o marido sentia como se
estivesse sendo transpassado.
8- Pergunto se acontecem casos estranhos na
casa. Porque é possível que uma casa seja atingida
por uma infestação; mas é mais comum que, se for habitada
por uma pessoa infestada, a casa transpareça isso. Assim que
a pessoa fica curada, cessam as perturbações na casa. Podem
ser rangidos, pancadas, passos, barulhos inexplicáveis e
ouvidos por todos os presentes; podem ser infestações de
poeiras ou de insetos, de que não se percebe a proveniência.
Portas
e janelas que se abrem e fecham por si mesmas; objetos que
mudam de posição ou desaparecem. Cheiro intensos: em geral,
a queimado, a esterco, a enxofre, a carne podre ou incenso.
Sabe-se que também a parapsicologia estuda estes casos, de
qualquer maneira, conta muito o modo como se verificam.
9- Por várias vezes já destaquei à
importância da modalidade que provoca os fenômenos ou que os
acompanha. Precisamente por isso, não deixo nunca de
perguntar se houve algum fato especial, uma circunstância
inicial que deram início aos fenômenos. Pode ser um fato
insignificante, mas também pode estar na sua origem de um
episódio grave que a ignorância da pessoa não considerou.
Por exemplo: se os fenômenos começaram depois de pessoa
ter participado em sessões de espiritismo; de
depois de ter consultado magos, cartomante, seitas
satânicas; ou se o interessado tinha sido iniciado em
práticas de ocultismo, de magia e coisas semelhantes.
Pode ter-se verificado um grave litígio com ameaças de
vingança. São fatos aos quais é preciso conhecer e avaliar.
Apresentei apenas as perguntas mais comuns;
freqüentemente estas são suficientes ou nem sequer são todas
necessárias. Se considerar que tenho motivos suficientes de
suspeita (pode bastar apenas um, mas que seja
significativo), avanço com o exorcismo. Só assim se chega à
certeza se há, ou não, influxo maléfico.
O
efeito do exorcismo também deve ser considerado: qual o
comportamento da pessoa durante o exorcismo; quais os
efeitos dele resultantes nos dias que se seguiram; qual o
comportamento e quais os efeitos que se verificam no seu
desenrolar, no decurso de uma série de exorcismos.
Isto
no caso em que seja oportuno prosseguir nesse sentido. O
exorcismo tanto pode durar poucos minutos como muitas horas;
não existem regras fixas. Cada exorcista vai adquirindo os
próprios métodos e experiência pessoas. É claro que é
importante considerar as reações do indivíduo, mas também
podem influir causas circunstancias: as muitas pessoas que o
exorcista ainda tem de receber, o cansaço do sujeito ou do
próprio exorcista... Geralmente, se o exorcista nota que não
provoca reação alguma e que não se verificam efeitos, quer
dizer não há nada de caráter maléfico.
Isto para não falar da grande variedade de quanto
pode se verificar durante um exorcismo: não existem
dois casos iguais. Se uma pessoa foi atingida por um
maléfico, este, por vezes, manifesta-se de imediato, com
reações violentas; outra vez, vai se manifestando um pouco
de cada vez, no decurso de vários exorcismos: tem-se a
impressão de que, primeiro, o mal tem de emergir totalmente
e, depois, começa a retirar-se até desaparecer por completo.
Em casos raros, pode bastar um único exorcismo; na maioria
das vezes, é necessário uma série de exorcismos, mesmo
durante anos.
Depende muito da colaboração da pessoa em causa e do auxílio
prestado pelos seus familiares. Naturalmente, trata-se
de uma colaboração de caráter espiritual: é necessário que
quem auxilia viva na graça de Deus, que reze muito, que
freqüente os sacramentos assiduamente, que realize um
caminho de formação religiosa.
Concluo respondendo a duas
questões fundamentais.
1- É possível, em todos os casos, chegar à
certeza da existência, ou não, da possessão diabólica?
Geralmente sim; num ou noutro caso raro fica-se com a dúvida
de estar apenas perante um mal psíquico. Mas é fato que os
exorcismos são orações e nunca provocam dano a ninguém. O
mesmo não posso dizer das curas médicas; já várias vezes
recorreram a mim pessoas que anteriormente tinham sido
curadas por médicos, e o resultado que obtiveram foi o de
ficarem intoxicadas de medicamentos e atordoadas com os seus
efeitos.
2- A cura é sempre alcançada?
Quase
sempre, embora alterne o tempo que demora. E mesmo nos casos
em que não se alcança a cura, os pacientes, de qualquer
modo, se beneficiam de algum alívio para os seus problemas.
Várias vezes ouvi me dizerem que os exorcismos tinham
ajudado as pessoas que os receberam a continuarem a viver. O
meu mestre, o padre Cândido, não se cansava de me repetir,
quando me sentia desencorajado diante da lentidão de alguns
processos de cura, que nós, exorcistas, salvamos muitas
vidas.
Fonte: Extraído do Livro
"Exorcistas e Psiquiatras" - Pe. Gabriele Amorth - Ed.
Palavra & Prece.