ONDE TUDO COMEÇA.
Um
dia, um Bispo telefonou-me a pedir que exorcizasse uma
pessoa. A minha primeira resposta foi sugerir-lhe que
nomeasse ele próprio um exorcista.
Respondeu-me, então, que não conseguia encontrar um
Sacerdote que aceitasse esse encargo.
Infelizmente esta dificuldade é geral. Muitas vezes os
padres não acreditam nestas coisas; no entanto, se o
seu Bispo lhes propõe fazer exorcismo, logo têm a impressão
de ter mil diabos à sua volta e recusam.
Já
várias vezes escrevi que se irrita mais o demônio a
confessar, isto é, a arrancar as almas ao
próprio demônio, do que a exorcizar, que é
retirar-lhe a influência sobre os corpos. E aumenta
ainda mais a sua cólera ao pregar, porque a fé nasce
da Palavra de Deus. É por isso que um padre que tem
a coragem de pregar e de confessar não deveria ter
nenhum temor de exorcizar.
Leon Bloy dirigiu palavras severas contra os
Sacerdotes que recusam ministrar os exorcismos.
Refiro-me ao livro II diavolo de Balducci (Piemme, pág.
233): “Os sacerdotes quase nunca utilizam o seu
poder de exorcistas porque lhes falta a fé e têm medo,
digamos, de irritar o demônio”.
Não há
nada mais verdadeiro; muitos temem represálias e esquecem-se
que o Maligno já nos faz todo o mal que o Senhor lhe
consente: com ele, não há pactos de não agressão! E o autor
prossegue nestes termos: “Se os sacerdotes perderam a
fé a ponto de já não acreditarem no seu poder de exorcistas
e de não mais fazer uso dele, isso representa uma desgraça
horrível, uma atroz prevaricação que deixa os pretensos
histéricos que enchem os hospitais, irreparavelmente
abandonados aos piores inimigos”. Palavras duras,
mas sinceras. É uma traição direta ao mandamento de
Cristo.
Mas
voltemos ao telefonema desse Bispo. Eu disse-lhe com toda a
franqueza que se não encontrava padre, deveria ele mesmo
encarregar-se dessa missão. Ao que ele me respondeu
ingenuamente: “Eu? Não saberia por onde começar”.
Retoquei-lhe então, tomando a frase que o Pe. Cândido me
disse quando eu comecei: “Comece por ler as
instruções do Ritual e reze as orações prescritas sobre
aquele que as solicita”.
Este é o ponto de partida. O Ritual
dos exorcismos começa pela enumeração de 21 regras que o
exorcista deve observar; pouco importa se essas regras foram
escritas em 1614; são diretivas cheias de sabedoria,
que poderão ser completadas posteriormente, mas que, no
entanto, se mantêm totalmente válidas.
Depois
de alertar o exorcista para que à primeira vista não creia
com demasiada facilidade na presença do demônio na pessoa
que se lhe apresenta, fornece uma série de regras práticas
que, não só lhe permitem reconhecer se se trata de um caso
de verdadeira possessão, mas também orienta o exorcista no
comportamento que deve adotar.
Mas a atrapalhação do Bispo (não saber por onde
começar) tem justificação. Não se improvisa um
exorcista. Confiar este cargo a um padre é como se
se metesse um tratado de cirurgia nas mãos de uma pessoa e
em seguida lhe pedissem que fosse operar. Muitas
coisas, demasiadas coisas, não figuram nos livros, só se
adquirem pela prática.
É por
isso que me surgiu a idéia de relatar por escrito as
minhas próprias experiências, orientado pela extraordinária
sabedoria do Pe. Cândido, embora consciente de que
ficará muito incompleto: uma coisa é ler, outra coisa é ver.
No entanto escrevo aqui coisas que não se encontram em mais
nenhum livro.
Na realidade ainda há outro ponto de partida.
Quando alguém se apresenta ou é apresentado pelos seus
parentes ou amigos para ser exorcizado, começa-se por
interrogá-lo a fim de se compreender se existem ou não
razões válidas para proceder ao exorcismo, estabelecendo um
diagnóstico. Começa-se portanto por estudar os sintomas que
a pessoa ou os familiares denunciam e também as possíveis
causas.
Começa-se pelos males físicos.
Em caso de influências maléficas os dois pontos mais
frequentemente atingidos são a cabeça e o estômago.
Além das dores de cabeça agudas e resistentes aos
calmantes, nota-se por vezes, em particular nos jovens,
uma rejeição brusca aos estudos: crianças
inteligentes que até ali nunca tinha tido dificuldades na
escola, de repente não conseguem mais estudar e a sua
memória fica a zero.
O Ritual menciona, como sinais suspeitos,
as manifestações mais espetaculares: falar
corretamente línguas desconhecidas ou compreendê-las
enquanto outras pessoas as falam; conhecer coisas longínquas
e secretas; demonstrar uma força muscular sobre-humana.
Conforme já referi, só fui confrontado com este tipo
de fenômenos durante as bênçãos, (é o nome que eu
sempre dou aos exorcismos) e nunca antes. Acontece muitas
vezes surgirem comportamentos estranhos ou violentos.
Um dos sintomas típicos é a aversão ao sagrado:
pessoas que deixam de rezar, embora antes o fizessem
habitualmente; já não põem mais os pés na Igreja e
experimentam um sentido de raiva; que blasfemam e tomam
atitudes violentas perante imagens sagradas. A isto a maior
parte das vezes juntam-se comportamentos anti-sociais e
odiosos contra os seus familiares ou em relação aos meios
que freqüentam. Encontramos pois vários tipos de
procedimentos estranhos.
É escusado dizer que, quando alguém se dirige a um
exorcista, já fez todos os exames e já recebeu todos os
tratamentos médicos possíveis. As exceções são raríssimas.
Por isso o exorcista não tem qualquer dificuldade em
tomar conhecimento dos pareceres do médico, dos tratamentos
efetuados, dos resultados obtidos.
O outro ponto muitas vezes atingido é a boca
do estômago, precisamente abaixo do esterno. Esta
região também pode ser o centro de dores lancinantes e
rebeldes a todo o tratamento; quando o mal se
desloca, tem-se a certeza de estar perante um fenômeno de
origem maléfica: ora dói o estômago, ora os intestinos, ora
os rins, ora os ovários... sem que os médicos compreendam a
causa e não obtenham o menor resultado através da
administração de medicamentos.
Afirmarmos que um dos critérios de
reconhecimento duma possessão diabólica é fornecido pelo
fato dos medicamentos se mostrarem ineficazes, ao
contrário das bênçãos.
Eu
exorcizei o Marco, vítima de uma forte possessão. Tinha
estado hospitalizado muito tempo e tinha saído
massacrado com tratamentos psiquiátricos,
incluindo choques elétricos sem que tivesse tido a mínima
reação.
Quando
lhe foi prescrita uma cura de sono durante a qual lhe
administraram durante uma semana soníferos capazes de por um
elefante a dormir, não dormiu um instante, nem de dia,
nem de noite. Deambulava pelos corredores da
clínica, com os olhos esbugalhados, um aspecto esgazeado.
Finalmente consultou um exorcista e começou imediatamente
a verificar os primeiros resultados positivos.
Também a força anormal pode ser um sinal de
possessão diabólica. Um louco internado num
manicômio pode ser mantido imobilizado com colete de forças;
um possesso não: parte tudo, até as correntes de ferro,
tal como o Evangelho narra a propósito do possesso de Gerasa.
O Pe.
Cândido contou-me o caso de uma jovem magra e aparentemente
frágil em que, durante os exorcismos, eram precisos quatro
homens para a conseguir manter quieta. Partia todas as
cadeias, incluindo cintos de couro largos com os quais a
tentaram amarrar. Numa ocasião em que estava atada com
grossas amarras a uma cama de ferro, partiu uma parte
e dobou a outra em ângulo reto.
Muitas vezes, o paciente, (e também outras pessoas,
se toda a família está envolvida), ouvem barulhos
estranhos, passos no corredor, portas que se abrem e se
fecham, pancadas nas paredes ou nos móveis, objetos que
desaparecem e que depois reaparecem nos locais mais
disparatados.
Eu
pergunto sempre, a fim de determinar as causas destes
problemas, há quanto tempo é que se começaram a manifestar
os distúrbios, se é possível relacioná-los com um fato
concreto, se o interessado participou em sessões de
espiritismo, se procurou cartomantes ou bruxos, e em
caso afirmativo, como é que as coisas se passaram.
É possível que, por sugestão de alguém conhecedor,
a almofada ou o colchão da pessoa visada tenham sido abertos
e que, aí, se tenham encontrado os mais estranhos
objetos: linhas de cores, tufos de cabelo,
entrançados, lascas de madeira ou metal, coroas ou fitas
atadas de forma muito apertada, bonecas, figurinhas de
animais, coágulos de sangue, seixos... que são
sinais claros de malefício.
Quando os resultados do interrogativo levam a
suspeitas de uma intervenção de origem maléfica, procede-se
ao exorcismo.
Vou a seguir apresentar alguns casos; é evidente
que, em todos os episódios focados, mudei os nomes assim
como qualquer outro elemento susceptível de identificar as
pessoas em questão.
AD.
Marta veio várias vezes procurar-me acompanhada de seu
marido para receber a bênção. Vinham de longe
e a viagem custava-lhes inúmeros sacrifícios. Marta andava
sendo tratada há já vários anos por neurologistas sem que
obtivesse quaisquer melhoras.
Fiz-lhe algumas perguntas e vi que podia proceder ao
exorcismo, ainda que ela já tivesse sido exorcizada por
outros, mas, sem resultado. Caiu logo por terra,
aparentemente inconsciente. Enquanto eu rezava as orações de
introdução, lamentava-se de vez em quando: “Quero um
verdadeiro exorcista, não quero esta coisa!”.
No
início do primeiro exorcismo que começa com as palavras:
“Eu te exorcizo” ela acalmou-se, satisfeita,
estas palavras tinham ficado manifestamente gravadas nela
desde os exorcismos anteriores. Depois começou-se a queixar
que eu lhe estava a magoar os olhos. Todo o seu procedimento
não era o de um possesso. Quando voltou nas vezes seguintes,
não me soube dizer se o meu exorcismo lhe tinha produzido
algum efeito ou não. Para maior segurança, um dia, antes de
mandá-la embora definitivamente, levei-a ao Pe. Cândido:
depois de lhe ter posto a mão sobre a cabeça, declarou-me
sem hesitação que não tinha nada a ver com o demônio. O
seu caso era para psiquiatra, não para exorcista.
Pedro Luís, 14 anos, era alto e forte para a sua
idade. Não conseguia estudar e fazia o desespero dos
professores e companheiros, pois não conseguia estar de
acordo com nenhum deles, embora não fosse violento.
Apresentava a seguinte característica: quando se sentava no
chão, com as pernas cruzadas (ele dizia que “fazia como
os indianos”), não havia força que o conseguisse
levantar; era como se ele se tivesse transformado em chumbo.
Depois
de vários tratamentos médicos que se mostraram ineficazes,
foi levado ao Pe. Cândido; começou a exorcizá-lo, e
reconheceu que se tratava de uma verdadeira
possessão.
Outra
característica dele era: não discutia mas, ao pé dele, as
pessoas ficavam nervosas, gritavam, não dominavam os nervos.
Um dia, sentou-se, com as pernas cruzadas no patamar do seu
apartamento situado no 3º andar. Os outros moradores subiam
e desciam as escadas, empurravam-no para que ele saísse dali
mas ele não se mexia.
A
certa altura, já todos os moradores do prédio estavam na
escada, nos vários patamares urravam e gritavam ao Pedro
Luís como possessos. Um chamou a polícia; os pais do jovem
telefonaram ao Pe. Cândido que, chegando quase ao mesmo
tempo que os polícias, se pôs a conversar com o jovem para o
convencer a entrar em casa.
Mas os
polícias (três homens bem constituídos) disseram-lhe:
“Afaste-se padre, isto é assunto para nós”. Quando
eles tentaram tirá-lo, o Pedro Luís não se mexeu nem um
milímetro.
Espantados e a suar em bica, já não sabiam o que fazer. O
Pe. Cândido disse então: “Os moradores que entrem nas
suas casas” e, passando um instante, fez-se um silêncio
total. Depois disse: “Vocês desçam agora um lance de escada
e fiquem a observar”; assim fizeram.
Por
fim, disse ao Pedro Luís: “Foste muito valente: não disseste
uma única palavra, e respeitaste-os a todos. Agora entra
comigo na tua casa”. Agarrou-o pela mão e o jovem
levantou-se, seguiu-o e foi ter com os pais que o esperavam.
Graças aos exorcismos, Pedro Luís teve grandes
melhoras, mas não foi ainda totalmente liberto.
Um dos casos mais difíceis de que me recordo é o de
um homem, outrora muito conhecido, a quem o Pe. Cândido deu
a benção porque ele não podia sair. Ministrei-lhe o
exorcismo; ele não disse nada (tinha um demônio mudo) e não
notei nele a mínima reação. A reação violenta fez-se sentir
depois de me ter ido embora. Acontecia sempre assim. Ele era
já idoso e só foi completamente liberto precisamente a tempo
de acabar serenamente a última semana da sua vida.
Uma mãe estava impressionada com o estranho
comportamento de um dos seus filhos: em certas ocasiões
encolerizava-se, urrava como um louco, blasfemava e, depois,
quando acalmava, não se lembrava nada desse comportamento.
Não rezava nem aceitava receber a bênção de um sacerdote.
Um dia
enquanto o filho que, como de costume, tinha saído com o seu
fato de macacão de mecânico, estava no trabalho, a mãe
abençoou a roupa dele rezando pelo Ritual. Ao regressar do
trabalho, o filho tirou a roupa suja e vestiu-se sem
desconfiar de nada.
Passados poucos segundos, tirou a roupa com fúria,
rasgando-a quase, e voltou a pôr o macacão de trabalho sem
dizer uma palavra; não voltou a vestir aquela roupa benzida,
distinguindo-a perfeitamente das outras peças de roupa do
seu modesto guarda-roupa que não tinham sido benzidas. Este
fato trouxe uma prova da necessidade de exorcizar este
jovem.
Atormentados por problemas de saúde e por barulhos
estranhos que ouviam em casa, especialmente a determinadas
horas da noite, dois jovens irmãos recorreram às minhas
bênçãos. Ao dar-lhes a bênção, notei ligeiras negatividades
e aconselhei-os quanto à oportunidade da freqüência
aos sacramentos, da oração fervorosa e do uso dos três
sacramentais (água, óleo e sal exorcizados),
convidando-os a vir visitar-me de novo.
Através do interrogatório apercebi-me que os seus problemas
tinham aparecido no momento em que os pais tinham decidido
levar para casa o avô que vivia sozinho. Era um homem
que blasfemava continuamente, jurava e amaldiçoava tudo e
todos. O saudoso Pe. Touraselli dizia que basta um
blasfemador numa casa para arruinar uma família com
presenças diabólicas. Este caso comprova isso.
Um único e mesmo demônio pode estar presente em
várias pessoas. A jovem chamava-se Josefina; o demônio tinha
anunciado que se ia embora na noite seguinte. Sabendo, em
casos semelhantes, que os demônios mentem quase sempre, o
Pe. Cândido solicitou a ajuda de outros exorcistas e exigiu
a presença de um médico. A certa altura, a fim de imobilizar
a endemoninhada, estenderam-na sobre uma mesa comprida; ela
esbracejou e caiu algumas vezes para o chão, mas na última
fase da queda, caiu lentamente, como se uma mão a segurasse,
para que não se magoasse. Depois de terem tentado, em vão,
toda a tarde e até ao meio da noite, os exorcistas decidiram
desistir.
No dia
seguinte de manhã, o Pe. Cândido estava a exorcizar uma
criança de 6 ou 7 anos. O diabo presente no garoto começou a
fazer troça do padre: Trabalhaste muito esta noite, mas não
conseguiste nada. Fizemos por isso. Também lá estava eu.
Ao exorcizar uma menina, o Pe. Cândido perguntou ao
demônio como se chamava. Zabulão, respondeu ele. Quando
terminou o exorcismo, mandou a criança rezar diante do
sacrário. Depois recebeu uma outra menina que também estava
possessa, e perguntou também o nome a este demônio. A
resposta foi Zabulão. Então o Pe. Cândido perguntou: És o
mesmo que estava na outra criança? Quero um sinal. Ordeno-te
em nome de Deus que voltes para a que veio primeiro. A
criança emitiu uma espécie de urro, calou-se bruscamente e
ficou calma; entretanto os que lá estavam sentiram que a
outra criança, a que estava a rezar, retomou aquele urro. O
Pe. Cândido disse: Volta outra vez para aqui!. A criança que
estava perto dele começou a urrar, enquanto a outra se pôs
de novo a rezar. Num caso como este a possessão é evidente.
Também se torna evidente perante certas respostas
profundas, sobretudo se são dadas por crianças. O Pe.
Cândido quis fazer perguntas complicadas a uma criança de 11
anos, depois de ter revelado nela a presença do demônio.
Perguntou-lhe: Há sobre a terra grandes cientistas, pessoas
inteligentes que negam a existência de Deus e a vossa. O que
é que tu dizes?
Ao que
a criança respondeu imediatamente: “Altamente
inteligentes? Que altíssimas inteligências! São altíssimas
insipiências!” e o Pe. Cândido acrescentou, fazendo
referência expressa aos demônios: “Há alguns que negam Deus
conscientemente, com a sua vontade. O que é que achas
disso?”.
A
criança possessa deu um salto e disse furiosa: “Toma
atenção. Lembra-te que nós quisemos reenvindicar a nossa
liberdade também diante d’Ele. Dissemos-lhe não para sempre”.
O
exorcista insistiu: “Explica-me e diz-me lá que sentido tem
reenvindicar a sua própria liberdade diante de Deus, quando
sem Ele tu és um zero, tal como me acontece a mim. É como se
no número 10, o zero se quisesse separar do 1. O que é que
acontecia? O que é que realizarias? Em nome de Deus
ordeno-te que respondas: O que é que fizeste de positivo? Vá
fala.
O
rapazinho, cheio de rancor e de ódio, contorcia-se,
babava-se, chorava de forma terrível, inconcebível para uma
criança de 11 anos e dizia: “Não me faças essa
acusação! Não me faças essa acusação!”.
Muitas pessoas se interrogam se se pode ter a
certeza de falar com o demônio. Em casos deste tipo não há
qualquer espécie de dúvida. Vejamos um outro episódio.
Um dia o Pe. Cândido exorcizava uma jovem de 17
anos, provinciana, acostumada a falar em dialeto, e falando
mal o italiano. Havia lá também mais dois Sacerdotes que,
quando a presença de satanás se manifestou, não paravam de
fazer perguntas. Continuando a rezar as fórmulas em latim, o
Pe. Cândido misturou as seguintes palavras em grego:
“Cala-te, pára!”. A jovem replicou-lhe imediatamente:
“Porque é que me mandas calar? Diz isso antes àqueles dois
que nunca mais acabam de me fazer perguntas!”.
O Pe. Cândido fez muitas vezes perguntas ao
demônio, presente em pessoas de todas as idades; mas prefere
fazê-lo às crianças porque, desta forma, ainda é mais
evidente, uma vez que elas não têm capacidade para dar
resposta por si próprias; então a presença do demônio é
praticamente confirmada.
Perguntou um dia a uma adolescente de 13 anos: ”Dois
inimigos, que se odiaram de morte durante toda a vida,
acabaram ambos no inferno: como será lá o relacionamento
entre eles, uma vez que ficarão juntos por toda a
eternidade?”.
Eis a resposta: “Como tu és estúpido! No
inferno, cada um vive virado sobre si próprio e atormentado
pelos remorsos. Não há relacionamento com ninguém; cada um
encontra-se na mais completa solidão a chorar
desesperadamente o mal que fez; é como um cemitério”.
Fonte: Extraído do Livro "Um Exorcista Conta-nos" - Pe.
Gabriele Amorth - Ed. Paulinas.