Jesus Crucified

Jesus Crucified
Jesus Christ have mercy on us

Holy Tridentine Mass - Santa Missa Tridentina.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

MEMÓRIAS DA IRMÃ LÚCIA-SEGUNDA MEMÓRIA-Descrença da mãe de Lúcia

MEMÓRIAS DA IRMÃ LÚCIA-SEGUNDA MEMÓRIA

7. Descrença da mãe de Lúcia
Graças a nosso bom Deus, nesta aparição desvaneceram-se
as nuvens da minha alma e recuperei a paz. Minha pobre mãe
afligia-se cada vez mais, ao ver a quantidade de gente que ali vinha
de todas as partes:
– Esta pobre gente – dizia ela – vem, com certeza, enganada
pelas vossas intrujices; e realmente não sei o que fazer para os
desenganar.

A um pobre homem, que se jactava de fazer troça de nós, de
nos insultar e chegar às vezes a pôr-nos as mãos, um dia que Ihe
perguntou:
– Então, ti Maria Rosa, que me diz das visões da sua filha?
– Não sei –
respondeu. – Parece-me que não passa duma
intrujona que traz meio mundo enganado.

– Não diga isso muito alto; senão, alguém é capaz de Iha matar.
Parece que há por aí quem Ihe tem boa vontade.

– Ah! Não me importa! contanto que a obriguem a confessar a
verdade. Eu é que hei-de dizer sempre a verdade, seja contra meus
filhos, seja contra quem for, nem que seja contra mim.

E verdadeiramente assim era. Minha mãe dizia sempre a verdade,
ainda que fosse contra si mesma. Este bom exemplo Ihe devemos, os seus filhos.
Um dia, pois, resolveu de novo obrigar-me a desmentir-me,
como ela dizia. E, por isso, resolveu levar-me, no dia seguinte,
outra vez, a casa do Senhor Prior, para eu Ihe confessar que tinha
mentido, pedir-lhe perdão, e fazer as penitências que Sua Rev.cia
julgasse e quisesse impor-me. O ataque, realmente, desta vez,
era forte e eu não sabia como fazer. De caminho, passo por casa
de meus tios, digo, à Jacinta, que ainda estava na cama, o que se
passava e lá vou atrás de minha mãe. No escrito sobre a Jacinta,
já disse a V. Ex.cia Rev.ma a parte que ela e seu irmão tomaram
nesta prova que o Senhor nos enviou e como me esperaram em
oração junto do poço, etc.
Pelo caminho, minha mãe foi-me pregando o seu sermão. A
páginas tantas, eu disse-lhe, tremendo:
– Mas, minha mãe! como hei-de dizer que não vi, se eu vi?
Minha mãe calou-(se) e, ao chegar junto da casa do Pároco,
disse-me:
– Tu vê lá bem; o que eu quero é que digas a verdade. Se
viste, diz que viste; mas, se não viste, confessa que mentiste.

Sem mais, subimos a escadaria e o bom Pároco recebe-nos
no seu gabinete, com toda a amabilidade e, direi até, com carinho.
Interrogou-me com toda a seriedade e delicadeza, servindo-se de
alguns artifícios, para ver se eu me desmentia ou se trocava uma
coisa por outra. Por fim, despediu-nos, encolhendo os ombros, como que dizendo: Não sei o que dizer nem fazer a tudo isto!